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Thelma e Louisse havia acabado há quinze minutos.
Eu estava sozinho no quarto prestando atenção em como a fumaça do meu cigarro dançava impecávelmente ao som de "Everybody's Gotta Learn Sometimes"*.
Era 3h33 da manhã.
Eu estava mudo.
No meu coração um mix de angústia, sonhos e espectativas me faziam perder o sono.
Tanto pra resolver.
Estou para a vida um bailarino, assim como a fumaça para a música. Mas no meu caso, diferente da fumaça, dói quando o passo perde o compasso, quando o ritmo perde o tino, como Chico dizia:
"Tem dias que a gente se sente
Como quem partiu ou morreu
A gente estancou de repente
Ou foi o mundo então que cresceu
A gente quer ter voz ativa
No nosso destino mandar
Mas eis que chega a roda-viva
E carrega o destino pra lá"
Essa vida cheia de nuances e equívocos me fortalecem bem! Mas é fato que não ter seu destino nas mãos dói, e dói.
Mas me pergunto que tipo de pessoa eu seria se tivesse vivido uma vida regrada e matemática até aqui? É certo que as partes mais legais de se lembrar e contar de uma viagem são seus equívocos e surpresas e eis minha vida, madrugada a madrugada...
Caso queiram saber a quantas anda a minha vida, basta que acendam um cigarro, deixem a fumaça dançar ao longo da madrugada ao som desta música, acompanhada pelo derradeiro gole de um merlot que pinta de vermelho o fundo de uma taça, gole esse que por sinal tomarei agora, antes de dormir - sem escovar os dentes.
*Everybody's Gotta Learn Sometimes:
música tema do filme O Brilho Eterno
de Uma Mente sem Lembrança
3 comentários:
tragar e engulir, não solte, pode ter certeza que o gosto não será maior que a dor daquilo que vai, quando não queremos. Beba toda a vodka que puder sem a companhia de seres humanos e descubra que realmente seu corpo precisa na solidão!
Hugo te ocâmaru
ótima música, ótimo filme, ótimo texto!
é seu?
adorei!
eu fico sem palavras... eu não as tenho e nuca tive.
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