Mas tinha que respirar, mas tinha que respirar... todo dia"
Arnaldo Antunes
sábado, 20 de dezembro de 2008
quinta-feira, 18 de dezembro de 2008
sexta-feira, 12 de dezembro de 2008
sábado, 15 de novembro de 2008
terça-feira, 4 de novembro de 2008
segunda-feira, 6 de outubro de 2008
quinta-feira, 31 de julho de 2008
O ônibus que me levaria à cidade vizinha (Colônia) para pegar o barco certamente já estava na plataforma quando eu acordei no bairro vizinho.
Sonho – despertador – hora – susto – ducha – roupa – perfume – bolsa – documentos – dinheiro – porta – corredor – elevador – portaria – madrugada friiiiiiiiiiiia!!!
Adoro!
Fomos eu e meu cachecol para o ponto de ônibus. Perguntei educadamente – e pau-sa-da-men-te para uma senhora no ponto: hola, por favor, que bus puedo tomar para llegar a Três Cruces? Soy brasilleño y no conosco nada acá!!!
Pensei ter explicado o suficiente, mas dado o grupo de palavras incompreendíveis que vieram a seguir, concluí que ficaria na mão. No entanto, soube aí que eu poderia pegar o 121 e o 024, e descer antes antes do túnel. Pergunto-vos, por quê haveria um túnel numa cidade plana como aquela? Confiei! Eram 6h11, o ônibus sairia às 6h30, eu tinha um circular ainda pra pegar! Pra ajudar o circular andava a quarenta por hora no máximo, numa via vazia. Depois de quase me suicidar de ansiedade com meu próprio cachecol, o motorista me avisa que é lá!!! Corri, e cheguei às 6h27 na plataforma, às 6h29 ligou o motor, às 6h30 em ponto o ônibus saía!
Foi uma viagem bela de duas horas e quarenta minutos, o sol nasceu durante a mesma, naquele terreno plano do Uruguai, e do meu lado do ônibus (olha, vô te contá uma coisa pra você, às vezes acho que vou morrer logo, por que essa viagem foi tão cheia de poesia que parece que os deuses selecionaram tudo a dedo, amo vocês amigos – caso algo aconteça). Ao chegar ao cais, uma deliciosa solicitação em español na imigração: identidad – dei o passaporte: Brasilleño? Tarjeta de imigración (ela falou tão rápido que perguntei umas três ou doze vezes não me lembro ao certo). O caralho dessa tarjeta – cartão – é uma merda de um papel imbecil que a gente recebe na espelunca do avião, pra entrar na porra do país, agora pergunto a vocês, viados e putas leitores de dessa idiotice (rs), eu lá sabia que precisava carregar éixta porrrcaria pra sair do país?
Nunca, jamais soube disso!
Toco cagado, pedi clemência, o cara viu que era minha primeira vez fora e disse educadamente que eu tinha que pagar uma multa (que seria todo o meu dinheiro – pensei, murcho, quase desmaiado já), mas não tive de pagar nada. Entrei belo, louro e japonês para o barco.
Dei tchau a classe turística e fui para a 1a classe – falta de opção na verdade, se não fosse assim eu não viajaria, alem do mais a diferença era bem pouca. O que eram as poltronas da primeira classe??? São maiores que a minha cama quase! Um bom lugar pra fazer minha primeira travessia de barco país – país.
A ida de barco foi inebriante! É uma sensação muito diferente, não é como pegar esses barcos abertões. O Buquebus é um barco bem fechado, como um ônibus grande com lanchonete dentro. E além do mais, chegar no centro de uma cidade que você nunca viu, em outro país, pela água. Uma cidade bela como Buenos Aires, aaaaaaiiii que bons ares! E que belo material humano também - rs.
Minutos depois, lá estava eu perdido naquela cidade com um mapa na mão e tantas possibilidades. Cidade linda!!! Impecável. O antigo e o novo ligados, mas limpos - diferente do centro velho de sampa. Depois (me perdendo e tendo que pedir informações em espanhol) fui direto ao obelisco na 9 de Julio, uma avenida gigante, digamos que ele seja um... um obelisco!!! - rs. Não existe muito o que falar de templos históricos estando tão próximos do nosso país, tudo é mas ou menos da mesma época, mas o material humano... rs.
Ali mesmo, enquando fazia aquela coisa breguíssima de turista, tipo tirar vc mesmo uma foto sua com o monumento no fundo, conheci uma brasileira que ficou comigo o tempo todo lá. Vi o teatro Colón, o Palácio dos Tribunais, o túmulo da Evita, a Rua Alvear (meu Deus... pensa nos demônios do consumismo - quer dizer, não que Deus deva pensar nisso, foi só uma expressão - te atasanando para você afundar seu cartão na lama!!! Isso é a Alvear), nela você acha Chanel, ao lado de Gucci, ao lado de Vuitton ao lado de Laurent, ao lado de... aaah se eu pudesse, meu dinheiro desse, em meu armário coubesse... Outra coisa que me chamou a atenção lá pelas redondezas foi uma árvore que tem na praça em frente ao cemitério da Evita - rs. A árvore é tão grande que ocupa toda a área da praça, só que ela não tem força pra agüentar os próprios galhos (que são troncos na verdade)! Então colocaram paus apoiando os troncos da árvore para que não caiam.
Em seguida, como não podia deixar de ser, fomos a um café!!! Estranho como tomar um café numa esquina em Buenos Aires é tão... tomar um café numa esquina em Buenos Aires!!! A arquitetura, o clima, as pessoas. Acho que passamos umas duas hora e meia tomando café em dois cafés e fumando. Muita gente pedindo esmola tb, igual aqui! Tudo teria sido perfeito se ela não tivesse me convidado para ir a uma milonga na sexta. Assim como se nada fosse: "Vamos a uma milonga sexta? Você vai enfartar!" Nesta hora eu já estava enfartado, ela estava falando de me levar até alguma maravilhosa casa de tango que estava longe de ser algo para turistas. Onde jovens e velhos se encontram e dançam até o pé sangrar a madrugada toda ao som ao vivo tb!!! Por que ela fez isso? Visto que dali uns 50 minutos eu deveria pegar o metrô que me levaria de volta até o porto.
Nos despedimos, entre convites e promessas de novos encontros peguei o metrô (que custa lá 0,90 centavos - se fosse em reais seria tipo 1,30), que era mais uma sauna seca móvel do que um metrô. Da estação passei pela Casa Rosada, imponente, com sua praça a frente cheia de imagens e recordações de protestos. Uma energia carregada quase poética.
Peguei o barco gastei meus últimos pesos argentinos com refrigerante de pomêlo e empanadas. De volta a Montevidéu!
foto: Porto Madero - Buenos Aires
sábado, 19 de julho de 2008
quinta-feira, 17 de julho de 2008
14/07 - curiosidades
Outra coisa, todos os comércios ficam com as portas fechadas e trancadas, TRANCADAS!!! Como assim? Deve ser pelo frio vocês podem pensar, mas hoje aqui tivemos 27 graus, mais que São Paulo hoje. É tão engraçado!!!
Hoje fui procurar luvas tb! Na primeira loja que entrei passei uma vergonhinha de leve porque estava perguntando por luvas tentando transformar a palavra o melhor possível em espanhol, tipo "tiene lubas"? Depois descobri que luvas são "guantes", nada a ver com lubas! Pelo menos luba não significa nada podre como "pinto mucho" ou "bunda suja"; por favor, tens bunda suja? Imagina - rs.
na foto acima: Rua 18 de julho - umas das principais da cidade que dá acesso à Ciudad Vieja
abaixo: Plaza Constitución onde se situa a catedral da cidade
terça-feira, 15 de julho de 2008
segunda-feira, 14 de julho de 2008
Escrevo de um café do aeroporto Carrasco no Uruguai. Pisar fora é tudo aquilo que dizem mesmo, é uma sensação bem sutil e delicada por dentro, em que parece que a qualquer momento você vai explodir e vísceras e miolos e ossos e sangue vão sujar a todos em volta de tanto que você parece estufar. É uma delícia! Ou talvez seja algo que eu sempre almejei, sei-lá! Entre toda a exaltação que sinto vem um medo básico (coisa de ser humano); será sempre assim, esse peito estufado e essa sensação de que eu poderia morrer agora, ou é pq é a primeira vez que estou em outro país?
sexta-feira, 4 de julho de 2008
sexta-feira, 13 de junho de 2008
Trechos de O Pássaro do Poente de Carlos Alberto Soffredini
domingo, 1 de junho de 2008
terça-feira, 27 de maio de 2008
... e se seguiram histórias de borboletas e margaridas, e a noite foi mágica. . O vinho adormecia os lábios, o fondue salgava a língua, e adoçava, e salgava. O cigarro... ah o cigarro... me entende quem se entrega a este prazer-fatal-prazer: um isqueiro falta, um gesto educado, uma pergunta, mundos novos, universos inteiramente novos ávidos para desbravar constelações e galáxias um do outro. Tantos desconhecidos numa noite jovem, tantas confidências, risos e particularidades numa madrugada outrora virgem. O instigante mundo europeu de um, a sonhada América Latina de outro, e a música clássica, e os protestos estudantis e os assuntos que a noite nos trazia à memória sem tempo a perder. E a música tocava, e era cantada e cantada. E a mágica... uma mágica ardendo tão fundo na alma, o motivo pelo qual existo. Outra noite - outro vinho - outros cigarros - histórias de borboletas e novos caminhos - de margaridas e surpresas - de sinais. . Uma vez, houvera entre nós, ainda que poucos soubessem, ao sul, além das fronteiras, mãos doces e talentosas, mãos latinas e francesas. Mãos estas que não poupavam dedos e sonhos para acariciar a audição e o coração de uma doce menina, sua neta, mãos talentosas, moldadas em alabastro com um toque de sonhos e mais sonhos. Era de Chopin a música que as ligava num estreito fio de alma e pra alma, e foi Chopin que tocou no aniversário de sua última despedida. Uma mão sensível tocava o piano de cauda, as mãos daquele que cedeu o espaço tão carinhosamente e sem se dar conta da saudosa melodia que tocava. . Ela percebeu saudação da avó, nós nos emocionamos. Era qual uma benção, era uma espécie de mágica que rondava a profunda vista noturna do Ibirirapuera, eram histórias sensíveis, de sonhos, de mágica. Histórias pra poucos. . Porque: "Num deserto de almas também desertas, uma alma especial reconhece de imediato a outra". |
terça-feira, 20 de maio de 2008
.
"Vem por aqui" — dizem-me alguns com os olhos doces
Estendendo-me os braços, e seguros
De que seria bom que eu os ouvisse
Quando me dizem: "vem por aqui!"
Eu olho-os com olhos lassos,
(Há, nos olhos meus, ironias e cansaços)
E cruzo os braços,
E nunca vou por ali...
A minha glória é esta:
Criar desumanidades!
Não acompanhar ninguém.
— Que eu vivo com o mesmo sem-vontade
Com que rasguei o ventre à minha mãe
Não, não vou por aí!
Só vou por onde
Me levam meus próprios passos...
Se ao que busco saber nenhum de vós responde
Por que me repetis: "vem por aqui!"?
.
Redemoinhar aos ventos,
Como farrapos, arrastar os pés sangrentos,
A ir por aí...Se vim ao mundo, foi
Só para desflorar florestas virgens,
E desenhar meus próprios pés na areia inexplorada!
O mais que faço não vale nada.
.
Que me dareis impulsos, ferramentas e coragem
Para eu derrubar os meus obstáculos?...
Corre, nas vossas veias, sangue velho dos avós,
E vós amais o que é fácil!
Eu amo o Longe e a Miragem,
Amo os abismos, as torrentes, os desertos...
Ide! Tendes estradas,
Tendes jardins, tendes canteiros,
Tendes pátria, tendes tetos,
E tendes regras, e tratados, e filósofos, e sábios...
Eu tenho a minha Loucura !
Levanto-a, como um facho, a arder na noite escura,
E sinto espuma, e sangue, e cânticos nos lábios...
Deus e o Diabo é que guiam, mais ninguém!
Todos tiveram pai, todos tiveram mãe;
Mas eu, que nunca principio nem acabo,
Nasci do amor que há entre Deus e o Diabo.
Ah, que ninguém me dê piedosas intenções,
Ninguém me peça definições!
Ninguém me diga: "vem por aqui"!
A minha vida é um vendaval que se soltou,
É uma onda que se alevantou,
É um átomo a mais que se animou...
.
Não sei por onde vou,
.
.
Não sei para onde vou
.
.
.
Sei que não vou por aí!
Cântico Negro - José Régio
Imagem do filme "Um Sonho de Liberdade"
sexta-feira, 16 de maio de 2008
segunda-feira, 5 de maio de 2008
domingo, 20 de abril de 2008
sábado, 19 de abril de 2008
Nessa busca intorpecente encontrei leões e hienas, animas peçonhentos, selvas escuras e belas paisagens. Me senti sozinho enquanto acompanhado e senti que nesta "batata quente", não existe pra quem jogar a bomba, e nem quem me ajudasse a lançá-la longe o bastante. No entanto, muitos estiveram ali sim; a espreita e prontos para ouvir um grito de socorro. Mas a gente é forte, ou se faz de forte, e mesmo no mais fundo abismo, o grito de socorro era sufocado pelo senso de responsabilidade. Me calei, por vezes, aos prantos.
A família pra mim sempre foi algo representativo aos redores deste redemoinho, como estátuas frias de alabastro (exceto minha mãe, a guerreira forte que sempre esteve presente), e eis que pela primeira vez em anos senti um calor que pensava não existir nos laços familiares, um calor de colo e cumplicidade, um calor de quem não espera os gritos de socorro pois te conhecem tão bem que sabem até mesmo a hora que você poderia gritar, e evitam. É o sangue, é como se a dor nas veias de um percorresse pelo outro.
Conheci novamente minha família, e me encantei! Desde os modos, os meios, os risos e a descontração, até o jeito de se preocupar e se mostrar solíscita. É como se depois de crescido reencontrasse seu berço intacto, e te esperando, ainda que você possa não caber mais.
.
Amo a minha família, toda ela, com cada uma das controvérsias e desavenças. Amo a todos eles, e agradeço por terem enchido a minha alma novamente com aquele calor que tem cheiro de café da manhã e bolinhos de chuva.
.
Obrigado por tudo!!! À minha mãe, família de Maringá e Curitiba.
.
Claro que não devo deixar de lado a minha família paulista, esta que ainda que não ouça os gritos no mais profundo de mim, nunca deixaram de estar lá quando ouviram um. São eles:
Alexandre Bojar
Anaflor
Malu Paiva
Zeni dos Santos
.